Consumo de leite no Brasil: farmacêutica alerta sobre os malefícios
O leite é uma secreção biológica, única da glândula mamária, doada pela natureza para suprir todas as necessidades do mamífero. Cada espécie produz o seu tipo de leite: o leite da vaca supre as necessidades do bezerro, assim como o leite materno supre a demanda do bebê humano e o leite da cabra ao cabrito.
Essa definição foi dada pela farmacêutica Karini Pereira Souza (CRF-SC 4034), que discorre sobre os malefícios do consumo de leite para nosso organismo, a relação entre o leite e a osteoporose, intolerância à lactose, além de elencar os motivos pelos quais não indica o seu consumo.
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Por que não indico o consumo de leite?
Existe uma enorme quantidade de aditivos químicos e conservantes presentes no leite, utilizados para a conservação, que podem causar reações alérgicas no organismo. Alguns motivos confirmam este fato. São eles:
- O leite de vaca contém 59 tipos de hormônios de vaca: ressalto o IGF-1, estrogênios, insulina, RHBG (hormônio recombinante bovino): a agroindústria utiliza antibióticos e sabemos que a resistência bacteriana só cresce no mundo.
- Vacas são ordenhadas grávidas, quando o estrogênio é 33x mais alto que o normal: dominância estrogênica é uma patologia que atinge milhares de pessoas, aumentando número de diabetes, obesidade, infarto, infertilidade. O estrogênio aumentado é responsável pelo câncer de mama e próstata.
- Rico em IGF1 (hormônio que participa do processo de crescimento celular): em grandes quantidades pode ser prejudicial, pois aumenta o nível de câncer no colo retal, ovário, útero, mama, próstata, além de inibir a destruição de células tumorais quando são alvos de radiação e quimioterapia. Promove a proliferação celular e a sobrevivência de células tumorais, além de aumentar a chance de metástase.
- Aumenta a incidência de diabete tipo 1: tanto pelo mecanismo de resistência à insulina, como por autoimunidade e distribuição das células pancreáticas. A alta quantidade de cálcio presente no leite também pode provocar a anemia ferropriva na infância.
- Beta caseomorfina 7 e caseomorfina (proteínas do leite): estão relacionadas à esquizofrenia, autismo e enxaqueca, além de apresentar atividade opiácea (semelhante à morfina), altamente viciante.
- Alimento de alto índice glicêmico: tem resposta insulinêmica igual ao pão branco e açúcar. A insulina em excesso acarreta na alteração metabólica, causando consequências como obesidade, diabetes, infarto, AVC, SOP, endometriose.
- Reação alérgica à APLV (proteína do leite de vaca): é o tipo de alergia alimentar mais comum nas crianças até 24 meses. É caracterizada pela reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente à caseína (proteína do coalho) e às proteínas do soro (alfa-lactoalbumina e betalactoglobulina). Causa os sintomas mais variados: asma, bronquite, amigdalite, otite de repetição, dermatite, eczemas, vômitos, diarréia, convulsões, perda de consciência e até choque anafilático.
Consumo de leite para intolerantes à lactose e caseína
A intolerância à lactose é um distúrbio digestivo, provocado pela incapacidade de digerir o açúcar presente no leite. Isso acontece quando a produção de lactase (enzima digestiva) é insuficiente.
Dessa forma, pessoas que possuem essa deficiência sofrem com a maior retenção de água, que pode acarretar em diarréias e cólicas. No entanto, esses sintomas podem variar de acordo com a quantidade de leite ingerido.
A intolerância ao leite de vaca e outros animais, principalmente lactose e caseína (açúcar e proteína do leite), é o tipo mais comum, atinge entre 70% e 80% da população. A maioria das pessoas apresenta um grau leve de intolerância, mas outras apresentam um grau mais grave. Entre os sintomas estão: inflamação intestinal, hipermeabilidade intestinal e produção de auto-anticorpos.
O tratamento se dá pela restrição ao consumo de leite. Geralmente, as crianças se recuperam mais rápido. No entanto, os adultos podem precisar de uma restauração gastro-intestinal. Em alguns casos, até o fígado precisa ser restaurado. Porém, cada caso deve ser avaliado por um profissional de saúde habilitado.
Consumo de leite não previne osteoporose
Países com maior consumo de leite têm mais osteoporose. China, Japão e Tailândia possuem uma população que não costuma ingerir leite com frequência. Essas pessoas têm as menores taxas de osteoporose do mundo.
Para formar ossos fortes, o organismo necessita de cálcio, colágeno, vitamina D, magnésio, zinco, vitamina K2mk7, entre outros nutrientes. Sem o colágeno, o cálcio não consegue preencher a estrutura.
Vamos imaginar um exemplo prático: se o colágeno fosse um cabide e o cálcio fosse uma roupa, como pendurar essa roupa, sem a estrutura do cabide?
Quem leva o cálcio para essa estrutura é a vitamina K2Mk7, e quem coordena isso tudo é o magnésio. A vitamina D fixa o cálcio no osso, mas quem garante que o cálcio vai chegar até o osso, é a vitamina K2mk7 e o magnésio.
Ou seja, suplementar cálcio sem esses nutrientes, não faz o cálcio chegar no osso, pelo contrário, ele vai para os tecidos moles (mamas, rins, coração, articulações), fazendo um verdadeiro estrago.
Outra coisa importante de ser entendida é que se você tem uma dieta ácida, além de ter a absorção prejudicada de minerais, o seu corpo vai retirar minerais (como cálcio) do seu corpo para alcalinizar seu sangue.
O PH do sangue humano deve ser ligeiramente alcalino (7,35 -7,45). Não é à toa que nosso organismo não permite a acidez do sangue. De acordo com nossa fisiologia, precisamos ter o estômago e o intestino ácidos, porém o sangue deve ser alcalino.
Todos nós, possuímos mecanismos homeostáticos para garantir alcalinidade no sangue, se não tivéssemos isso, morreríamos. Desta forma, sempre que nosso corpo começa ficar ácido (a acidez ocorre com alto consumo de leite, derivados, café, bebidas de álcool, farinhas refinadas, açúcar, refrigerantes, entre outros), é acionado o sistema tampão e o cálcio retirado do osso para alcalinizar o sangue.
Então, se sua dieta for ácida, você pode beber litros de leite, tomar muito suplemento de cálcio, mas esse cálcio não ficará no osso. É por esse motivo que a maioria das pessoas que consomem grandes quantidades de leite e queijo (alimentos ácidos) têm osteoporose.
É importante saber que o leite de vaca é realmente a maior fonte de cálcio, mas é ácido e pouco absorvido. Já o brócolis, a couve, repolho, amêndoas, gergelim, tofu, feijões e açaí, por exemplo, possuem quase o dobro de biodisponibilidade de absorção, além de serem alimentos totalmente alcalinos.
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*artigo enviado pela farmacêutica Karini Pereira Souza (CRF-SC 4034).